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domingo, 1 de setembro de 2013

País torto - 3

País torto 3



O Brasil é um país muito estranho. Após tanta ridicularia cometida pelas nossas elites medíocres, ganho a convicção de que o Pero Vaz, quando escreveu a tal carta fundadora, prenunciava coisas além do entendimento factual. Acredito que quando ele afirmou que "em se plantando tudo dá", não estava fazendo referência à flora e muito menos prevendo um futuro esplendoroso para a nossa agricultura. O gajo estava falando em plantação de sandices, pois é o que mais temos de fartura, uma realidade de bizarrices que se reproduz com uma pujança maior do que coelhos no cio.

No presente momento nos encontramos numa situação político-legal que, decerto, não nos coloca no rol das nações sérias. O fato é que temos um deputado federal condenado e preso numa cela da Papuda, mas que continua deputado "legalmente". O ministro do Supremo Marco Aurélio Mello declara que "Com a condenação, é a ordem natural das coisas, a Constituição estabelece a simples declaração da Mesa da Câmara pela perda do mandato". Entretanto, este não foi o entendimento da classe política que resolveu colocar em votação em plenário e nesta o deputado foi absolvido.

Ao mesmo tempo em que temos o nosso Supremo Tribunal Federal fazendo a revisão de sentenças proferidas por ele mesmo, nos deparamos com um caso mais escabroso, que é o do deputado (?) federal Natan Donadon. O fato é que o deputado foi condenado à prisão (pena de 8 anos) e se encontra trancafiado na Papuda. Outro fato é que, com isso, os seus direitos políticos foram cassados. Entretanto, pelas fímbrias legais, continua deputado e assim permanecerá até o fim do seu mandato. Isso ocorreu em função da votação, na Câmara dos Deputados, que não atingiu o número de votos (secretos) necessários para a decretação de sua cassação.

A coisa é absurda e o ministro Marco Aurélio afirmou que "Não passa pela cabeça de ninguém que alguém com direitos políticos suspensos possa exercer um mandato", mas a absurdice se aprofunda na medida em que a coisa se tornou uma realidade. Se não passa pela cabeça de ninguém, como pode acontecer na prática? Talvez uma pesquisa nos inúmeros compêndios (escritos e não escritos, capitulados ou não em lei) sobre os jeitinhos de garantir impunidade para os poderosos, possa colocar uma luz sobre tal mazela esdrúxula.

Dessa forma conseguimos nos superar e galgar um novo nível de estupidez que só é superada pela seriedade com que as autoridades analisam o assunto.

Acorda Brasil! Isso não é assunto sério, é coisa de picadeiro de circo e bem naquela hora que é reservada aos palhaços.
 
Marcelo Cavalcante

4 comentários:

  1. É de deixar-nos incrédulos, boquiabertos e nos sentindo palhaços mesmo, sem ofensas aos profissionais.
    Mas felizmente estão, por agora, suspensos os resultados absurdos, estapafúrdios. Espero bem que não só perca o mandato como também fique na prisão, não para servir de exemplo, mas para que seja cumprida a Lei.

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    1. Olá, Rita.
      Veja que as providências para a manutenção dos privilégios continuam em curso. Postei hoje (A piada e a realidade) comentário sobre a reforma que resolveram executar no sistema carcerário do Distrito Federal... Parece piada, mão não é.
      Grato pelo comentário.

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  2. Vou te falar sério não é só isto que me deixa pasma em nosso país, os valores estão totalmente invertidos, é muita palhaçada, não dá nem para acreditar no que vemos acontecer em nosso país, que tem tudo para dar certo, mas com esta corja que controla nossa amada pátria é impossível, este bando de ladões, corruptos, fica aí emu desabafo, é de irar esta situação. Condena e absorve, brincadeira, forte abraço.

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    1. Oi, Cristina.
      Você tem toda razão ao dizer que não é só isso que lhe deixa pasma. Parece que a realidade do país está de ponta-cabeça. Eu só não sei até quando esta estrutura corroída (pelas traças da corrupção e da impunidade) conseguirá se manter vigente.
      Valeu o comentário.

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