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sábado, 25 de maio de 2013

QUEM SÃO ESSES CARAS?

quem são estes guerreiros tão modernos / que inventam truques e histerias / frequentam invernos estrangeiros / vestem ternos e quinquilharias? / quem são estes líderes vendidos / que fomentam medos e heresias / que alimentam falas escondidas / arremedos de alegorias? / é que o mundo se perdeu / rodou a roda da fortuna / se encheu de moda inútil / e de alegria iracunda / quem são os donos de terras e mares / que urdem tramas e fantasias / que invadem lares com a ladainha / antiga pra vida, pro dia-a-dia? / quem são estes caras debochados / que em desabrida folia / riem da dor dos dentes cariados / dos outros, da melancolia? / é que o mundo ensandeceu / embelezou iates e dunas / ganhou o rumo do fútil / em troca de panças rotundas. / quem são esses parceiros insinceros / que comentam alfas e alforrias / escrevem o mundo nos canteiros / como se fosse idolatria? / quem são esses místicos passivos / que em lascívia orgia / dizem do parto e da lágrima / num teorema ou numa teoria? / é que o mundo esqueceu / que o viver é coisa profunda / muito além da grana fácil / mais que coito, peitos e bundas / quem são esses guerreiros?

A PROPÓSITO DAS IMAGENS DESAGRADÁVEIS



Andei postando uns clips com minhas músicas no youtube. Uma crítica (ou observação recorrente) sobre todos eles é a de que as imagens são sempre desagradáveis, mesmo chocantes. Isso me levou a uma reflexão de causa e efeito, ou seja, se as imagens são desconfortáveis, logo as letras musicais são de igual teor. Aprofundando o raciocínio, observo o panorama geral da nossa música popular e chego à conclusão de que as temáticas que abordo estão fora dos trilhos e muito longe de serem politicamente corretas. Em verdade, a pauta da nossa música popular está atolada numa dualidade em que ou fala de amor ou de sacanagem explícita, sejam pagodeiros, sertanejos, funkeiros, axéseiros, rapperseiros, gospeleiros ou porcarias de igual jaez.
A verdade é que me sinto gratificado pela crítica de ser mensageiro do desconforto almano, uma vez que ofício mais coerente com a realidade que se escancara ante nossas ventas insensíveis e bugalhos míopes, pois o que vemos nesse mundão sem medidas é muita miséria, fome, injustiças, espertezas, cretinices, mentiras e (o que recobre tudo isso) hipocrisia. Continuo achando coerente falar (mesmo uma fala redundante) sobre isso.
Mas não acredito que a divulgação na Internet de uns clipezinhos pouco acessados vá incomodar aos babões da mídia, aqueles que adoram imagens dulcíssimas e frasesinhas bonitinhas (que não dizem porcaria nenhuma, mas agradáveis à consciência), pois disto os canais midiáticos estão abarrotados, como papel de pegar moscas incautas ou descuidadas ante a realidade que as cercam.
O último clip que veiculei (http://www.youtube.com/watch?v=-23ETrwSexk) pelo próprio título “Quem são esses caras?” já prenuncia mais uma enxurrada de imagens deselegantes, uma vez que as pessoas reais do mundo (a maioria) cultivam aqueles péssimos costumes de viver ao abandono, na miséria e em eterna fome de alimentos e amor


                                                                                        Marcelo Cavalcante

sexta-feira, 24 de maio de 2013

COTIDIANO BLOGUEIRO

COTIDIANO BLOGUEIRO
Visando a publicação de uma ANTOLOGIA com textos publicados na internet (blogs e sites), convidamos a quem desejar participar do projeto COTIDIANO BLOGUEIRO, que será efetivado da seguinte forma:


1 – O presente projeto tem por objetivo a produção de uma Coletânea, em regime de coautoria, direcionada às redes sociais, particularmente, à publicação de textos veiculados pelos blogs em geral. 


2 – Coerente com o universo em questão, não existe temática específica, podendo integrar a coletânea qualquer texto já publicado em sites ou blogs.


3 – Publicação de um livro com as seguintes características: 
O formato:14 x 21 Capa: – 4 cores impressa em papel Supremo 250g/m; com orelhas – laminação plastificada ou fosca. Miolo: Papel off set 75g/m2, impresso a 1/1 cor (preto e branco) em laser digital. Acabamento: corte reto, lombada quadrada, colado e costurado. (*) Serão permitidas as inserções de ilustrações (fornecidas pelos autores) em preto e branco, desde que tenham boa definição digital.


4 – Para cada página que o autor ocupar no livro, ele comprará 5 exemplares, cujo valor deverá ser pago até o dia 19 / 07 /2013.


5 – O valor unitário do livro é de R$ 20,00 (vinte reais). Neste valor estão incluídas todas as despesas, inclusive postais (exceto se a remessa for para o exterior).


6 – Os coautores poderão participar com quantas páginas desejarem.


7 – Os depósitos de valores devem ser efetuados em favor de; 
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Antonio Marcelo Cavalcante Guedes – AMCGuedes AG: 4147 OP: 003 CC: 710-8 CNPJ: 13.003.755/0001-91


8 – Os textos devem ser redigidos em folha A4, corpo 12, espaço 1,5 (entrelinhas) e fonte Times ou Arial.


9 – As adesões podem ser realizadas pela internet da através do email: editora@editora-amcguedes.com.br 


10 – Além do(s) texto(s) o coautor deverá enviar as seguintes informações:
a) nome completo; 
b) nome artístico, com o qual assina o texto que será publicado no livro; 
e) endereço completo (com CEP) para o envio dos exemplares. 
f) CPF (para emissão de nota fiscal de remessa). 
g) Endereço do blog ou site 

11 – Os direitos autorais dos textos publicados permanecem propriedade dos seus autores, não tendo a Editora nenhum direito sobre os mesmos.


12 – As adesões se encerram no dia 19 de julho de 2013.


13 – A previsão de entrega dos exemplares aos coautores é para o dia 30 de agosto de 2013. 


Rio de Janeiro, 24 de maio de 2013.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

MODERNIDADE E BARBÁRIE




Após muitos anos afastado da cidade do Rio – que dizem maravilhosa –, eis que me encontro emaranhado em um engarrafamento estúpido, na Linha Amarela. Estranhando o fato, pergunto ao meu filho, mais conhecedor dos hábitos daquela urbis, qual a causa de tamanho transtorno de horas. Calmamente, ele larga o volante, se espreguiça e explica que normalmente não era para isso acontecer, mas estava havendo um fato extraordinário que estava levando metade dos habitantes para a Barra da Tijuca. De queixo caído escutei ele afirmar que todo aquele afluxo de trânsito desusado era em função de um evento da Rede Globo de Televisão. Qual evento extraordinário? Ora, os próximos participantes do BBB estariam num Shopping Center, dentro de redomas de vidro (ou algo que o valha).Que mais? Nada, só isso.
Aproveito o tempo restante que fiquei sequestrado pelo engarrafamento para meditar sobre a estupidez humana ou sobre o absoluto poder da mídia sobre as mentes dos seus proto-dependentes mentais. Afinal, quem são estes futuros participantes de uma gincanazinha custumizada? Até aquele momento o que eles tinham feito para merecer a atenção da galera que saliva ao primeiro plim-plim global? Em verdade, tratava-se de pessoas comuns que tinham como predicado apenas o fato de terem sido escolhidos.

Cinco anos depois deste episódio patético, encontro-me no Consulado da França, convidado que fui para o lançamento de um livro do amigo Luiz Guilherme Marques, juiz de direito que já escreveu e publicou mais de cinquenta livros. Após uma brilhante aula sobre reforma do Código Civil e a confraternização eis que me vejo sufocado por um rancoroso sentimento de injustiça, em função da parca presença de pessoas no evento. Tudo bem, o que se perde em quantidade se ganha em qualidade, mas observo que uma comparação entre estes dois fatos nos remete a uma equação que não fecha ou que se consolida na brutalidade cultural.

O fato é que a sociedade acorre em massa para o espetaculoso vazio que não implica raciocínio e se ausenta de acontecimentos em que a formação crítica se faz necessária, senão obrigatória. Daí, a continuar essa toada, vamos nos atolando na pasmaceira sem nos darmos conta do ridículo dos atos e fatos cotidianos.

O REMÉDIO CONTRA O SUICÍDIO E OUTRAS MISÉRIAS HUMANAS - LUIZ GUILHERME MARQUES -LANÇAMENTO


Luiz Guilherme Marques, lança no dia 26 de maio, às 10:00 horas, na Fundação Espírita " Dr. João de Freitas", R. São Mateus, 1350 - Juiz de Fora
com uma palestra da prefaciadora Maria Helena Marques.
O livro O REMÉDIO CONTRA O SUICÍDIO E OUTRAS MISÉRIAS HUMANAS

Livro Buanas - Autor Marcelo Cavalcante - Músicas - Márcio Pombo - Banda Alagaduns

Buanas, peça teatral de autoria de Marcelo Cavalcante e músicas de Márcio Pombo da Banda Alagaduns.
  A exemplo do sertanejo de " Morte e Vida severina" (João Cabral de Melo Neto), o personagem Franquilim sai em arribação fugindo da indigência cultural em busca de concepções artísticas mais verdadeiras e sinceras.

O REPLICANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI - In Buanas



Sou replicante perfeito,
que avesso ao retirante severinado
não tenho maleitas,
ou as sezões severas de sertões arretirados!
Sou civilizado e adestrado pela ideologia
que me conforma, me alimenta e escraviza.
A hora me avisa que é tempo de arribar,
de buscar artes genuínas,
mesmo que não sejam tão finas
como as melodias de Mozart ou Bach.

Eu não fujo da seca,
perambulei por seca e meca:
sertão, subúrbios, megalópolis
Ridijaneiro, Sun Paulo, Florianópolis...
Varei mundo, varejei procuras
na ilusão de encontrar
a Canaã prometida,
ter a terçã revertida
e a honra não corroída
pelos ditames do dinheiro, do gozo e do cheiro.

Não fujo da seca
nem de terras escalavradas
ou da sina dos eitos
que faz o chão requeimado,
nem da maleita e seus trejeitos
em corpo debilitado.
Fujo, antes, dessas seitas
de tantos mal-assombrados,
pois não careci obediências
aos coronéis e seus asseclas,
seus contos de réis, suas melecas.

Varo caminho na busca de novas ideias
arrojadas pela cidadania
não viciadas pela patuleia,
e arejadas pela academia.
Não almejo mirra ou ouro,
apenas uma só poesia
não maculada pela mímica,
não submissa e amestrada
pela fantasia cínica
feito boiada desembestada
em carreira única
a beber a arte filtrada
no trato improfícuo,
no parto escangalhado
eivado de vícios.

Me confesso analfabeto
daqueles de dar dó,
pois que o destino me fez incompleto,
incapaz de fazer, com um copo, um ó.
Mas, apesar dos desconheceres normais,
não sou burro, adquiri conhecimentos
da vida alguns saberes práticos informais.
Sei que o mundo gira em seus eixos,
em seus conceitos
e vi coisas de lamber os beiços
ou de cair o queijo:
– Escutei Genival Lacerda em puteiros
– Vi Chico Buarque ensandecer gueixas
– Chitãozinho comandar romeiros
– Antonio Marcos completar liturgias
– Roberto Carlos servir aos pregoeiros
– Caetano alimentar verborragias

Vi o resto dos restos,
provei o vômito das bestas,
a água salobra benta.
Entretanto, por não ser santo,
sei que nada se compara
a estas iniquidades
sem medidas nas próprias sedes:
uns comprando cidades,
outros usando mercedes...
E as Marias, Joões, Zés e Mercedes
fodidos nos seus esgotos
financiando a mediocridade estreita,
como se numa estranha colheita.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

PROBLEMAS AO ACESSAR A PÁGINA DO DIHITT

BOM DIA, AMIGOS DO DIHITT.
EU E OUTRAS PESSOAS ESTÃO TENDO PROBLEMAS EM ACESSAR O SITE.
RECEBEMOS UM AVISO DE VÍRUS.
MAIS ALGUÉM COM ESSE PROBLEMA?
ABRAÇOS

terça-feira, 21 de maio de 2013

Decodificando as vendas - In. Os pés que levam


E vamos seguindo, como letra de hino,
fazendo do shopping a mais nova seita
já que as outras, de tão ricas e suspeitas (por tantas tretas)
perderam o controle sobre os nossos destinos.

Não é verdade que a dona justiça usa uma venda,
é pura lenda as histórias dos samurais,
são imortais os pugilistas das Filipinas
e as meninas tailandesas seguem suas sinas.

Na puberdade qualquer carniça é prebenda,
a mais idade é que ferra com as vestais,
em seus gestuais e suas línguas ferinas
que pedem nobreza e rezas nas catedrais.

Na felicidade da preguiça e usuras estupendas,
tão plenas de ócios, cios e carnavais,
gerais entrefungados de acesas narinas
das famílias burguesas que pedem mais e mais.

E vamos seguindo, como letra de hino,
fazendo do shopping a mais nova seita
já que as outras, de tão ricas e suspeitas (por tantas tretas)
perderam o controle sobre os nossos destinos.

Casulos - In. Os pés que levam


Sair do casulo é ir ao fundo,
correr mundo
a despeito dos perigos.
É como (re)construir lares
nos olhares
e nos peitos (mais) amigos.
É saciar a saudade,
reaver as lembranças
e acarinhar as feras indomadas.
É ficar na realidade
das esperanças
de sonhar mesmo que (pelas + as) metades.

Sair do casulo é envergar
o luto das primaveras assassinadas
e guardar na memória
as quimeras esvaziadas.
É entalhar as imagens
reconstruídas nas trevas do nada
e rearrumar as paisagens
desconcebidas e estranguladas.




segunda-feira, 20 de maio de 2013

Maias e Cavalcantes 3 (Zecas, Zefas, Tonhos e Betas) In. Os pés que levam


In. Os pés que levam



onde é que alguém fala de gorda inocência
na saliência dos muros e nas rezas dos puros?
donde é que se tira tanta paciência
nas mentiras cuspidas ao povo, esse monturo?
como é que se explica essa saliência
de doutores a falar de vida e juros
ensinando o mundo torto da ciência
que esconde o poder nos seus escuros?
em qual presilha são encarcerados
os esfomeados que comem vento
tal qual as filhas em seus bordados
sonhos cansados (filhos) e casamentos?
mané / tonho / paulinho / joca / juca / toninho / tião
cecelo / samuca / joãozinho / miguilim / zé / quim / manuelzão
lu / bia / lena / cidinha / tuca / cris / drica / lulu
nana / babi / cicinha / berê / ciça / juju

e por mais que se queira ser honesto
nos finais das feiras pagar o preço
por mais que se queira preservar os gestos
nos beirais, cpfs, ceps e endereços
vamos todos severinos roendo o osso
megasena, lotofácil, cassinos (bicho) fantasias
estufando o peito, a veia do pescoço
entra ano, sai ano / rotina / dia-a-dia
clara / tetê / zazá / carol / ceci /loló / mel
bete / kika / fafá / nanda / gabi / bebel
cacá / dedé / quinzinho / didi / jajá / vavá / ziel
tavinho / miro / netinho / lukito / bira / noel

e por mais que se queira enquadrar o progresso
rezar novenas inteiras em seus benditos
por mais que a beira de fabricar os sucessos
que nos ensinam a hora de salivar contritos
vamos resumindo os sonhos e babaquices
consumindo taquicardias
vendo na tv a pieguice
cretina e performática, rotina/ dia a dia.

TERNURA INÚTIL - In. Os pés que levam




falam de arte,
falam de sentimento,
da beleza do dia
e da liberdade do vento.

falam de amor,
de sentidos lamentos
e exprimem a dor
em eternos carnavais...
as coisas da fantasia
não são mais reais,
são mercadorias, produtos culturais.

falam de morte,
aclamam momentos
de azeda alegria
da energia dos inventos.
falam de pudor,
da nobreza dos tormentos
e extinguem a cor
de arco-íris atemporais.
as coisas da poesia
não são mais reais
são mercadorias, produtos culturais


domingo, 19 de maio de 2013

FORMA E CONTEÚDO - Texto- Marcelo Cavalcante




Faz tempo e eu era um menino buchudo, ainda com remelas nos olhos e catarro escorrendo do nariz até o beiço... Apesar dessas boas qualidades, tinha meus defeitos e o principal deles era me interessar por política e pelos destinos dessa nossa pátria amada. Eis que peguei um pau de arara da Varig e fui revisitar os familiares nordestinos, tal qual sou: paraíba, paruara, cabecinha de batê bife, etc. Lá com a primalhada de esbórnia em esbórnia, acabei me encontrando com o primo Ailtinho. Era um churrasco daqueles que nunca acaba e todo mundo se embriaga. Mas antes do porre, conversei ror de tempo com oprimo e enveredei a conversa para a política, deputância, senadorância, Brasília, voto, povo, democracia... Dia seguinte me quedei estatelado ante a contradição de termos, ou mais precisamente, de personagens. Constatei que o primo Ailtinho não entendia nada de política e não tinha a mínima vocação para tais assuntos, e a coisa de seu mais apreceio era comer umas quengas lá na Praia do Futuro, na época local deserto. Até aí morreu e enterrou-se o tal do Neves, não fosse um pequeno detalhe: o primo era deputado federal.
Essas rememoranças acima bem podem servir para mostrar como a coisa funciona nas nossas cabeças, que costumam fazer sinapismos automaticamente, ligando formas e fatos sem a intermediação da crítica. No caso acima, liguei automaticamente um deputado federal à política.
Claro que a maioria das vezes estas ligações ocorrem sob uma intensa carga de mistificação, diuturnamente despejada sobre os nossos frágeis e desataviados neurônios. Há uma gama multifacetada de interesses (que correm para o mesmo sempre rio) que se encarregam de, através da ideologia, embutir esses (pré)conceitos nas cabecitas de nosotros, cucarachas comedores de farinha de segunda e de esperanças de terceira. Mas a patranha é tão bem urdida e executada que quase nunca nos apercebemos (e dizer que foram os nazistas que sistematizaram esse processo) como somos transformados e marionetes dos valores sociais.
Será que as pessoas não se dão conta de coisas tão simples? Por que será que o estranhamento não faz parte do nosso cotidiano? Muito provavelmente porque não somos uma sociedade educada para analisar e criticar os fatos. Ao contrário, o que desejam (e conseguem) é que sejamos um bando de vacas de presépio que estão ali apenas para compor um cenário onde os atores principais luzem qualidades e talentos que não são possuidores.
Pindamonhangaba! Já reparou que se você passa a assistir um filme em andamento, sem saber a trama nem nada, consegue descobrir que é o mocinho e quem é o bandido numa simples olhadela? Como isso é possível? Simples... Fomos por anos a fio inculcados com a ideia de que o bom (mocinho) é bonito e o mau (bandido) é feio. Tal raciocínio de causa e efeito é de uma sandice mastodôntica, mas vivemos diuturnamente a repeti-lo sem nos apercebermos. Tradução: Brad Pitt é bom e José Lewgoy é mau. Daí que subliminarmente, a sociedade em geral passa a observar pessoas bonitas (fisicamente) como boas enquanto as feias são más. Daí o espanto com eu é recebida a notícia de que um galã global agiu de forma grosseira, ou seja, foi escroto. Não é uma gratuidade observarmos que já faz tempo que a mídia cultiva (convenientemente) a infantilização da sociedade, onde atores que fazem personagens maus nas novelas são xingados na rua...
Mas tem um cenário em que a porca é obrigada a torcer o seu rabito, e isto se dá no momento em que estes delírios de um mundo cor de rosa é submetido ao crivo de uma lógica que nem necessita de muita sofisticação. Basta nos perguntarmos quem é Ronaldo, o Fenômeno, por exemplo. Decerto, um excelente jogador de futebol, mas seguramente apenas isso não o habilita a ser um cidadão completo, como as pessoas são levadas a imaginar. É mais razoável entender que ele, por suas qualidades atléticas, precocemente abandonou os estudos e rapidamente ingressou num mundo encantado que decerto não contribuiu muito para um entendimento equilibrado de mundo. O mesmo ocorre com o ator global. Devemos nos perguntar primeiro quem é esse cara e o que ele entende, para depois nos espantarmos (ou não) com alguma atitude que venha a tomar.

PALHAÇOS NÃO ALEGRAM VELÓRIOS - Marco Alcane - Romance Policial



Quando o chimpanzé Carica morreu, os componentes do Gran Circus Geovanne pensaram tratar-se de algo natural, dada a idade avançada do símio. As posteriores e estranhas mortes do tigre e do elefante convenceram a todos de que se tratava de ações criminosas premeditadas, provavelmente motivadas por vingança. Ao encontrarem Luca Geovanne – patriarca da família proprietária do circo – morto e com o seu trailer completamente revirado, as especulações sobre vingança se consolidaram e foi sob esta perspectiva que as autoridades policiais focaram as investigações. André Emmer se envolve no caso, após debater sobre os incidentes com o seu amigo, Alcir Veiga, professor de antropologia, que tinha uma teoria extravagante sobre os acontecimentos.
VELÓRIOS
Quando o chimpanzé Carica morreu, os componentes do Gran Circus Geovanne pensaram tratar-se de algo natural, dada a idade avançada do símio. As posteriores e estranhas mortes do tigre e do elefante convenceram a todos de que se tratava de ações criminosas premeditadas, provavelmente motivadas por vingança. Ao encontrarem Luca Geovanne – patriarca da família proprietária do circo – morto e com o seu trailer completamente revirado, as especulações sobre vingança se consolidaram e foi sob esta perspectiva que as autoridades policiais focaram as investigações. André Emmer se envolve no caso, após debater sobre os incidentes com o seu amigo, Alcir Veiga, professor de antropologia, que tinha uma teoria extravagante sobre os acontecimentos.