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quarta-feira, 26 de março de 2014

DA OBSERVAÇÃO

DA OBSERVAÇÃO

 Não te irrites, por mais que te fizerem...
 Estuda, a frio, o coração alheio.
 Farás, assim, do mal que eles te querem,
 Teu mais amável e sutil recreio...

 Espelho Mágico

Mario Quintana

OBSESSÃO DO MAR OCEANO



OBSESSÃO DO MAR OCEANO

 Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
 Que vento bom sopra do Mar Oceano!
 Meu amor eu nem sei como se chama,
 Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
 Mas há vasos cobertos de conchinhas
 Sobre as mesas... e moças na janelas
 Com brincos e pulseiras de coral...
 Búzios calçando portas... caravelas
 Sonhando imóveis sobre velhos pianos...
 Nisto,
 Na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous,
 E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
 De su'alma perdida e vaga na neblina...
 Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
 Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
 Uma caixa de música
 Uma bússola
 Um mapa figurado
 Uns poemas cheios de beleza única
 De estarem inconclusos...
 Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
 E eu nem sei, eu nem sei como te chamas...
 Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
 Quando eu também já não tiver mais nome.

Mario Quintana

domingo, 23 de março de 2014

Se preciso - Marcelo Cavalcante

















Se preciso





Tenho um papel em branco

e, na palidez,

quero respirar os poemas,

desmentir os problemas

e morrer se preciso.



Tenho a tinta e a mão;

a tinta marcando,

a mão me movendo

e simplificando as vontades

de morrer se preciso.



Tenho anos pela frente

e a charada não foi

de todo decifrada,

à presença dos hieróglifos

ou teoremas

de precisão para a morte.



Tenho tido ásperas dores

e feito rabiscos com as cores,

e do papel me fica

uma certeza clara

como a palidez da morte.

Arco-íris - Marcelo Cavalcante

Arco-íris









Quero saber das gentes sozinhas

e fazer fluir a lei dos homens

na verdade de peitos de cal.

Quero tentar vender figurinhas numeradas

pro espetáculo dantesco

da geração do bem e domal.



Vou percorrer lugares

e ostentar diademas e outros adereços

e nem sei se alcançaria a calçada

ou a sombra do arco-íris ainda iluminada.



O arco-íris na beira do
tempo,

o tempo banindo os horizontes,

os montes velhos abandonados e sozinhos...

distantes demais.