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sábado, 8 de junho de 2013

Mudança de embalagem: mulheres fruta

A mercadoria é uma das mais antigas da humanidade e já foi o principal atributo daquilo que costumam afirmar que é a profissão mais antiga da história da humanidade.
O esquema é extremamente comercial o que, nos tempos atuais, significa esvaziar de conteúdo o produto que está sendo exposto. Dessa forma, observa-se, por exemplo, num site da grande imprensa (http://extra.globo.com) uma matéria com a seguinte chamada: “Salada de frutas: Mulher Melão, Mulher Maçã e Mulher Jaca posam juntas pela primeira vez”. Essa maravilha de contribuição ao jornalismo prático apresenta algumas características que são repetidas ad nausean na nossa mídia tupiniquim, muita bunda em exposição e um texto minúsculo, quase menor que o título da matéria. Fico imaginando o esforço mental da “jornalista” autora dessa façanha, imagino os suores noturnos que penou, enquanto queimava os miolos na busca de produzir a sua matéria. Após tremendo esforço mental, em rasgo de genialidade a tal “produtora” (Rita Moreno) alinhavou um textículo no qual afirma que “Uma é pouco, duas é bom e três, neste caso, não é demais. Mulher Maçã, Mulher Jaca e Mulher Melão posam juntas pela primeira vez numa apetitosa salada de frutas. Renata Frisson mostra, à esquerda, que não merecia só o título de Melão. Ao lado de Daiane Cristina, ela prova também que a sua fruta misturada com jaca dá um caldo. Gracy Kelly se junta às duas na foto abaixo, posando de mestre-cuca. Nesta receita, não é preciso nem acrescentar pimenta”. Claro e evidente que tal matéria é pródiga em fotos e bundas.
Em verdade, afora os desvios profissionais, tal “notícia” tem como principal finalidade a consagração da ambição maior do capitalismo selvagem, que é a transformação de seres humanos em mercadorias ordinárias, pois este modo de produção sabe que tal façanha representa muito mais que o dinheiro que é ganho, uma vez que situado no terreno minado dos corações e mentes.

Mas não nos apoquentemos por somenos cretinices, pois a variedade de frutas é grande e a mesmice dos nossos “produtores culturais” maior ainda.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

SONHOS ALHEIOS - in CD criaturas silenciosas - Marcelo Cavalcante e Mano Ferreira


é de ilusão, é de areia / o sonho que vem embalar / e sonha os sonhos alheios / e esquece o seu próprio sonhar / é desrazão, é sereia / o orvalho que vem com o luar / e lembra, a lembrança das teias / que tecem o seu próprio lembrar / poeira, não cubra os meus olhos / pois eu quero ver, desvendar / os remédios, os mistérios do escuro / de ser, de não ser, de pensar. / a “coisa em si” é segredo / é medo no humano olhar / é promessa de mil pesadelos / num plano de pressa vulgar / é de tesão, é da veia / a minha estrela do mar / mas a tatuagem nos seios / suspira no mesmo pulsar. / gestos de mão, casa cheia / escondem a tristeza do olhar / e vale o fim mais que os meios / na história de quem vai contar. /  canseira, não triture os meus ossos / não mostre o medo de amar / não esconda o sabor dos anseios / na busca de um vasto alcançar / o conhecer é degredo / pra quem não encontra lugar / e a vida é contar desenredos / mesma hora, dia e lugar.

Guia de Consulta Rápida Joomla 3.x - Júlio Coutinho - Publicação Editora Amc Guedes


Cinco contra um - livro do escritor e jornalista - Aparecido Raimundo de Souza


Cartas do destino - Romance da escritora - Rita Abibe - Lançamento editora Amc guedes


quinta-feira, 6 de junho de 2013

FLERPA NA UNHA - Marcelo Cavalcante e Paulo Maia - In. CD Maias e Cavalcantes



Se de sofrer o homem vai e inventa deus
e diz adeus a tudo que é seu, ateu até.
E diz da sorte, espera a morte,
o fim do dia, a poesia,
o arrebol e o sol que é seu.

Tonto canto, tanto querendo ser livre,
querendo ver se vive como mais ninguém.
E uma vontade de sair por aí
e não mais ser ninguém.
Espera o dom, as liberdades
e a caridade de rezar.
Sabe de cor a cantoria, o futebol e a loteria
e ateu até, até sorria de forma estranha,
pros sempre-vivas, pros perde-e-ganha,
ganhando a vida que deu adeus,
perdendo a vida que deu a deus.

Entretanto, o canto, sendo, será livre,
não sabendo sobrevive muito mais além
na necessidade de sair por aí
e não mais ser ninguém;
venera o bom, felicidade
numa saudade de sonhar
para compor a alegria, em si bemol a melodia
da noite fria que anuncia a dor tamanha
nos sempre-vivas, nos perde-e-ganha
sonhando a vida que deu a deus
vivendo a vida que deu adeus.
Que deu a deus!
Que deu adeus!

terça-feira, 4 de junho de 2013

GEMIDOS - Marcelo Cavalcante/ Paulo Maia - CD Cantigários


pra que fingir um entardecer
triste como as vagas
feio como as falas
surdo como as pedras deste sertão?
pra que pedir as esmolas,
as escolas que não dão,
os caminhos que não levam
a lugar nenhum que se queira abraçar?
pra que curtir um protesto
amargo, doido e corrompido
pelos donos da escrita
e da bendita lei:
“faça o que eu digo, faça,
é preciso resistir”?

por que fingir sentir prazer,
neste gemido seco
estalando dentro da barriga oca
da vontade louca de não se perder?
pra que calar a fala da boca
a mosca da sopa
ou fundir a cuca e o corpo
se nem dá nem pra um começo de liberdade?
pra que curtir um protesto
amargo, doido e corrompido
pelos donos da escrita
e da bendita lei:
“faça o que eu digo, faça
é preciso resistir”?

pra que curtir um protesto
amargo, doido e corrompido
pelos donos da escrita
e da bendita lei:
“faça o que eu digo, faça
é preciso resistir”?

domingo, 2 de junho de 2013

A VISITA DA VERDADE - LIVRO JESUS NO LAR - NEIO LÚCIO - FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER


Certa feita, disse o Mestre que só a Verdade fará livre o homem; e, talvez porque lhe não
pudesse apreender, de imediato, a vastíssima extensão da afirmativa, perguntou-lhe Pedro, no
culto doméstico:
— Senhor, que é a Verdade?
Jesus fixou no rosto enigmática expressão e respondeu:
— A Verdade total é a Luz Divina total; entretanto, o homem ainda está longe de suportar-lhe a sublime fulguração.
Reparando, porém, que o pescador continuava faminto de esclarecimentos novos, o Amigo Celeste meditou alguns minutos e falou:
— Numa caverna escura, onde a claridade nunca surgira, demorava-se certo devoto, implorando o socorro divino. Declarava-se o mais infeliz dos homens, não obstante, em sua cegueira, sentir-se o melhor de todos. Reclamava contra o ambiente fétido em que se achava. O
ar empestado sufocava-o — dizia ele em gritos comoventes. Pedia uma porta libertadora que o
conduzisse ao convívio do dia claro. Afirmava-se robusto, apto, aproveitável. Por que motivo
era conservado ali, naquele insulamento doloroso? Chorava e bradava, não ocultando aflições
e exigências. Que razões o obrigavam a viver naquela atmosfera insuportável?
Notando Nosso Pai que aquele filho formulava súplicas incessantes, entre a revolta e a
amargura, profundamente compadecido enviou-lhe a Fé.
A sublime virtude exortou-o a confiar no futuro e a persistir na oração.
O infeliz consolou-se, de algum modo, mas, a breve tempo, voltou a lamuriar.
Queria fugir ao monturo e, como se lhe aumentassem as lágrimas, o Todo-Poderoso
mandou-lhe a Esperança.
A emissária afagou-lhe a fronte suarenta e falou-lhe da eternidade da vida, buscando secar-lhe o pranto desesperado. Para isso, rogou-lhe calma, resignação, fortaleza.
O pobre pareceu melhorar, mas, decorridas algumas horas, retomou a lamentação.
Não podia respirar — clamava, em desalento.
Condoído, determinou o Senhor que a Caridade o procurasse.
A nova mensageira acariciou-o e alimentou-o, endereçando-lhe palavras de carinho, qual
se lhe fora abnegada mãe.
Todavia, porque o mísero prosseguisse gritando, revoltado, o Pai Compassivo envioulhe a Verdade.
Quando a portadora de esclarecimento se fez sentir na forma de uma grande luz, o infortunado, então, viu-se tal qual era e apavorou-se. Seu corpo era um conjunto monstruoso de
chagas pustulentas da cabeça aos pés e, agora, percebia, espantado, que ele mesmo era o autor
da atmosfera intolerável em que vivia. O pobre tremeu cambaleante, e, notando que a Verdade
serena lhe abria a porta da libertação, horrorizou-se de si mesmo; sem coragem de cogitar da
própria cura, longe de encarar a visitadora, frente a frente, para aprender a limpar-se e a purificar-se, fugiu, espavorido, em busca de outra furna onde conseguisse esconder a própria miséria
que só então reconhecia.
O Mestre fez longa pausa e terminou:
— Assim ocorre com a maioria dos homens, perante a realidade. Sentem-se com direito
à recepção de todas as bênçãos do Eterno e gritam fortemente, implorando a ajuda celestial.
Enquanto amparados pela Fé, pela Esperança ou pela Caridade, consolam-se e desconsolamse, crêem e descrêem, tímidos, irritadiços e hesitantes; todavia, quando a Verdade brilha diante
deles, revelando-lhes a condição em que se encontram, costumam fugir, apressados, em busca
de esconderijos tenebrosos, dentro dos quais possam cultivar a ilusão.