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sábado, 1 de junho de 2013

MENINOS NÃO BRINCAM COM BONECAS - Autor - Marco Alcane - Suspense Policial




O deputado Elias Freitas, político radical de direita, principal ícone da defesa da família e dos bons costumes, é assassinado brutalmente no momento em que ocupava as manchetes dos jornais em função de um projeto polêmico com tintas de homofobia. As suspeitas dirigidas sobre militantes de minorias são paulatinamente descartadas e as autoridades policiais não encontram alternativas para prosseguir com as investigações.

ELES ESTÃO COM FOME - Autor - Marco Alcane - Suspense policial











De inopinado, a incidência de crianças desaparecidas sofre expressivo aumento e a cidade de Barbacena passa a viver um clima de insegurança. Os boatos que circulam apontam para ação de ciganos, tráfico de crianças e mesmo ocorrências sobrenaturais. Um incidente na pousada onde está hospedado leva Emmer a se interessar em desvendar o enigma que vem desafiando as investigações das autoridades locais.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Marcelo Cavalcante. In. A memória do tempo em nós. A verdade do povo, a verdade das ruas



Carmélia Alves ao telefone me solicita um “imenso” favor: levá-la até ao Rio, pois estava sem carro.
No trajeto da curta viagem explicou que ia fazer algo que considerava muito importante. Ia rever o seu dileto amigo, o Luiz Vieira.
Entramos no Teatro João Caetano pela porta dos fundos e ela conversou com meio mundo enquanto esperava o show começar. O show era do Luiz Vieira e ela ia fazer uma surpresa.
O espetáculo teve início e fui para a plateia que estava apinhada de gente e tive dificuldades de encontrar um lugar.
Lá pelas tantas, no meio da apresentação, o menino passarinho aproximou-se da borda do palco (que é enorme), enquanto interpretava uma das suas canções. De repente (no meio da música) a público explodiu em palmas intensas e o Luiz Vieira ficou sem entender aquela manifestação que, apesar de espontânea, estava fora de contexto. Só percebeu quando se virou e se deparou com a Carmélia Alves e aquele seu sorriso escancarado. Emocionados se abraçaram, enquanto continuaram cantando em dueto.
Fico, até hoje, com aquela imagem luzindo na minha lembrança e isto me suscita uma gama enorme de sentimentos, os mais variados e contraditórios.
Recolhida em sua casa na serra (Teresópolis) fazia tempo que a Carmélia não se apresentava em público, além de estar fora da grande mídia. Não obstante este afastamento, ela foi prontamente reconhecida e ovacionada pelo público.
Acredito desnecessário tecer argumentos sobre a verdadeira alma de artista e os mecanismos sociais que medeiam o afeto e o reconhecimento populares.

Noturno 492






Meus desejos formam um universo
de palavras vãs e sem importância.
Meus dedos suam os versos
que alimentam o azedar da fragrância.

Miro a distância do horizonte,
relembro o refrão viciado
e me desintegro no corpo da noite.

Noturnos 282 -



Também cantei musas de nomes variados,
me ufanei com poentes esplendorosos,
penei rimas perante dentes cariados
e danei-me com a vida dos terrosos.

A vertigem da dor
não se resume a uma terça-feira
de freiras nos corações.

Noturnos 219 - In semblantes e noturnos




Num confuso sonho mágico
a lua nos lança
um derradeiro gesto
que perpetua o todo trágico.

Da conversa informal esquecemos
o tom soturno das mortes
e os recortes deste velho jornal.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Os nomes dos bois 1



enquanto uns, por covardia,
engordam o bolso com maracutaias,
os outros, em mansa serventia,
aparam o fracasso e as vaias.
e são discriminados por sede e fome,
pela cor ou sobrenome
e assim como dois mais dois,
vamos dar nome aos bois

enquanto uns, por boemia,
bebem champagne e cabernet,
os outros, em franca androgenia,
olham bundas malhadas na TV.
e são ibopizados por tela e fome
mas essa coisa tem nome
e assim como dois mais dois
vamos dar nome aos bois
enquanto uns, por desmasia,
 cercam a terra em cartórios,
os outros, em busca de alforria
servem à lei de bode-expiatório.
e são dizimados pela fome
ou teses da Sorbonne,
mas assim como dois mais dois
vamos dar nome aos bois

enquanto uns, pra ver o dia,
compram amantes, iates e ternos,
os outros, em eitos de agonia,
pagam as suas penas nos infernos.
e são bestializados por fala e fome
e não se sabe até onde
que assim como dois mais dois
vamos dar nome aos bois

E são lobotizados até onde?
E são mastigados pela fome
E são discriminados pelo nome
E são desdentados pela fome...

Amanhãs




Talvez amanhã
eu possa sorrir por inteiro
como as crianças em seus brinquedos.
Talvez amanhã
eu aprenda os segredos
da vida livre, sem tantos medos.

E aí, talvez,
eu chegue à terra do nunca
e aprenda aquelas mágicas,
dos casebres e das baiúcas,
de tanta mundiça grávida,
que faz sorrir com os olhos
pousados na visão trágica
da cisão da água e do óleo:
restolho que não educa,
mas alimenta o peito de ódio
ou prescreve a dor caduca
Quem sabe, então,
cubra de fantasia o velho sertão
corroído pela penúria infame
construída por espúrios currais,
apresando gado e homens,
domados como se animais,
buscando refúgio nas antigas fomes
de fadigas inúteis nas catedrais
babujando a vida que se esconde.

Até onde ou quando
os senhores de baraço e cutelo
terão a primazia do selo
e o monopólio dos puteiros
para as orgias nos seus castelos?
Talvez amanhã...

Alagaduns 2 - In os pés que levam

De que falam essas canções de alagaduns
tão temperadas de samba, rock, maxixe e lundus?
O que dizem esses meninos ainda tão crus,
poetas vestidos de hinos num mundo de nus?

Falam da arte como um sentimento profundo
em profanos folhetins de papiros semeiam poemas
nestes anos sem fins de vampiros e veias abertas
aos salmos desertos (e afins a) de sortidos gurus
que, no não pertencimento, desconhecem os temas
e não sabem xaxado, baião, xote ou lundus...

De que falam essas canções de alagaduns
tão temperadas de samba, rock, maxixe e lundus?
O que dizem esses meninos ainda tão crus,
poetas vestidos de hinos num mundo de nus?

Dizem seus amores/dores/desamores sem meias palavras
como insanos amantes a lamber suas crias
e neste rompante nada cria quando a vontade entreva/trava
a canção (da terra) nascente no romper do dia...

Olhos - In. Os pés que levam

Olhe nos meus olhos
para que eu possa ver
você pelo avesso
o seu coração de gesso
enfeitado com o glacê
que sobrou daquele nosso começo
que tinha uma lua de prata
nos servindo de adereço
e um mago tocando flauta
sobre os tantos berços
vazios de filhos
como ilhas desertas.

Tente ver pelos meus olhos
as lágrimas, as páginas, as lástimas,
as dádivas, as mágicas, os préstimos
que desaprendi no decorrer da vida,
no corromper da carne viva
a se esboroar nos percalços
a se desfazer no cansaço,
na fadiga lenta de quem cansou inteiro os passos
e gastou seu tempo,
antes do tempo derradeiro.

Olhe nos meus olhos
pra que ninguém possa saber
que amei às cegas
que fui piegas,
que fiz aqueles poemas
chorei minhas penas
e sobrevivi à regra
de não ter a alma pequena.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Sonhar - In os pés que levam

Eu posso sonhar ser
um ser no universo
que pode recriar
os imperfeitos versos
de saudades esquecidas
naqueles tempos de ninar.

E se este sonhar acordado
for permitido e tolerado
trarei os segredos não revelados
no lusco-fusco dos sentimentos,
pois o pertencimento
é como o vento
em seus lamentos emaranhados.

Transientes - In . Os pés que levam


Sou um poeta rarefeito,
levo no peito a canção predileta do meu povo,
levo saudades estreitas: seta, tempo e estorvo.
Sou a criança imperfeita,
tenho no jeito a afeição dos abandonados,
tenho bondades feitas de certas crueldades.
Sou o amante desses leitos
de estranho tesão e coitos brutos ou incertos,
de ternura aberta em dor de irresolutos desertos.

E se das juras se cria a promessa incompleta,
se me faço e meço demiurgo poeta,
decerto os sonhos puídos e estiolados
ficam contidos e não contados,
são ruídos, transientes desencantados.

domingo, 26 de maio de 2013

ETC & TAL - Marcelo Cavalcante / César Ceará


como num sonho, / estranho sonho, /
eu me vi só
sem paradeiro / em solo estrangeiro /
perdido em mim / terra e capim /
tudo tão ruim / enterro e fim
como um espelho / reflexo e medo
eu me vi só
sem sexo ou alma / deserto e calma
encontro em mim / restos de cauim
o não e o sim / despertos em mim.

vi bebedeiras em funeral
o valor vencido, impessoal
tanta doideira em tribunal
bebi a raiva do temporal
atravessei o que é normal
um açucareiro de fel e sal.

falei em defesa do pantanal
meu amor, perdi o luar
numa vereda marginal
tantas penas pra pagar
cansei do cansaço desigual
de quem morre em vida pra sonhar.

vi bagaceiras em catedral
o amor vendido sensacional
tanta besteira no seu jornal
bebi a raiva do temporal
atravessei o que é normal
seu travesseiro de mel e mal.

CARTAS DE UM FILÓSOFO APAIXONADO - AUTOR RICARDO ROSA


PARA LER EM PENSAR EM POESIAS - AUTOR - ANTONIO PAIVA RODRIGUES