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terça-feira, 28 de maio de 2013

Olhos - In. Os pés que levam

Olhe nos meus olhos
para que eu possa ver
você pelo avesso
o seu coração de gesso
enfeitado com o glacê
que sobrou daquele nosso começo
que tinha uma lua de prata
nos servindo de adereço
e um mago tocando flauta
sobre os tantos berços
vazios de filhos
como ilhas desertas.

Tente ver pelos meus olhos
as lágrimas, as páginas, as lástimas,
as dádivas, as mágicas, os préstimos
que desaprendi no decorrer da vida,
no corromper da carne viva
a se esboroar nos percalços
a se desfazer no cansaço,
na fadiga lenta de quem cansou inteiro os passos
e gastou seu tempo,
antes do tempo derradeiro.

Olhe nos meus olhos
pra que ninguém possa saber
que amei às cegas
que fui piegas,
que fiz aqueles poemas
chorei minhas penas
e sobrevivi à regra
de não ter a alma pequena.

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