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quarta-feira, 29 de maio de 2013

Marcelo Cavalcante. In. A memória do tempo em nós. A verdade do povo, a verdade das ruas



Carmélia Alves ao telefone me solicita um “imenso” favor: levá-la até ao Rio, pois estava sem carro.
No trajeto da curta viagem explicou que ia fazer algo que considerava muito importante. Ia rever o seu dileto amigo, o Luiz Vieira.
Entramos no Teatro João Caetano pela porta dos fundos e ela conversou com meio mundo enquanto esperava o show começar. O show era do Luiz Vieira e ela ia fazer uma surpresa.
O espetáculo teve início e fui para a plateia que estava apinhada de gente e tive dificuldades de encontrar um lugar.
Lá pelas tantas, no meio da apresentação, o menino passarinho aproximou-se da borda do palco (que é enorme), enquanto interpretava uma das suas canções. De repente (no meio da música) a público explodiu em palmas intensas e o Luiz Vieira ficou sem entender aquela manifestação que, apesar de espontânea, estava fora de contexto. Só percebeu quando se virou e se deparou com a Carmélia Alves e aquele seu sorriso escancarado. Emocionados se abraçaram, enquanto continuaram cantando em dueto.
Fico, até hoje, com aquela imagem luzindo na minha lembrança e isto me suscita uma gama enorme de sentimentos, os mais variados e contraditórios.
Recolhida em sua casa na serra (Teresópolis) fazia tempo que a Carmélia não se apresentava em público, além de estar fora da grande mídia. Não obstante este afastamento, ela foi prontamente reconhecida e ovacionada pelo público.
Acredito desnecessário tecer argumentos sobre a verdadeira alma de artista e os mecanismos sociais que medeiam o afeto e o reconhecimento populares.

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