Um país decente não
se faz com as opiniões dos Ronaldos
Marcelo Cavalcante
Causou frisson na mídia e motivou
inúmeras opiniões de leitores, a afirmação do boleiro Ronaldo de que “Uma copa do Mundo não se faz com hospitais”.
Resta claro e evidente que se trata de uma frase estúpida (em qualquer
contexto) e não seria motivo de tanta discussão se tivesse sido proferida pelo
José das Couves, um hipotético Zérruela.
Desta forma, a questão deveria
ser remetida para o cenário em que a mídia engorda celebridades vazias e, neste
ofício, acaba dando-lhes espaços indevidos, para os quais não têm nenhum
conhecimento ou competência. Neste sentido, a tal “Dança dos Famosos” se torna
exemplo imbatível de calhordice, pois busca apresentar dançarinos que treinaram
um mês ou dois, como se fossem a oitava maravilha dessa fábrica de fazer
malucos. Conheço pessoas que se dedicam à dança por mais de 40 anos e jamais
terão tamanha oportunidade ou reconhecimento. Não basta aos Cuocos da vida
serem consumados canastrões, pois que, na qualidade de ídolos, podem ser tudo
que desejarem, sem os esforços necessários.
O mesmo ocorre com os Ronaldos
(boleiros ou noveleiros), pois que as suas condições de ídolos implicam serem
eles cidadãos superiores, inteligentes, ilustrados ou sábios. Ao contrário, a
forma como adquiriram a fama, os colocam em situações vulneráveis diante do
aprendizado da vida. Afinal, quem é Ronaldo, o fenômeno, senão um rapaz que
saiu da pobreza diretamente para o fausto? Um menino que pouco estudou, pouco
aprendeu com a vida real e que, muito jovem, caiu na armadilha do consumo
conspícuo, especializando-se em conquistar gostosonas de capas de revistas e
travecos nem tanto?
Vemos, assim, que a fórmula
simplista usada pelos Faustões da vida funciona, pois basta a mídia estalar os
dedos para o povão desandar a babar pavloviamente.
Seguramente, com as manifestações
em curso, muitos estudiosos (cientistas sociais, filósofos, historiadores,
etc.) emitiram as suas opiniões e a mídia sequer tomou conhecimento (pois não
interessa). Concordo que estes doutores não são infalíveis e podem errar em
suas análises, entretanto, são as pessoas mais indicadas para a consulta, pois
que dedicaram anos de suas vidas estudando e meditando sobre esses problemas.
Fico imaginando a sandice que seria
a mídia se interessar pela opinião de um provecto professor de biologia como
bater um pênalti... Claro que não, corre para perguntar ao Neymar ou, em
segunda opção, ao Francisco Cuoco que, apesar de não jogar bola, é midiático
top.
Ufa!
ResponderExcluirFinalmente um opinião sensata sobre esta falsa polêmica.
Me impressiona a pobreza das repetições dos cometários e opiniões.
E, de como essa tal web pode ser tão alienante se não for usada com todos os neurônios e criatividade. rsrs
Um abraço.
Mas...
ResponderExcluirEssas letrinhas, desanima quem deseja comentar...
Um abraço.