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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

MISTÉRIO - Florbela Espanca

Mistério


Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.


Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.


Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas...


Talvez um dia entenda o teu mistério...
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!


(in Antologia de poetas Alentejanos)

6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Que lindo poema amiga, de uma sensibilidade muito grande, perfeito, amei, forte abraço.

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  3. Sou apaixonada pela Florbela Espanca. Uma guerreira ao enfrentar os preconceitos e hipocrisias da sociedade da época, e frágil, ao enfrentar o amor.
    Belo resgate Lucia. Belo resgate...
    Beijão parceira.

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  4. Porque será que os poetas arrancam das nossas almas as sensações mais indefinidas? Linda poesia! abraços!

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  5. Oi, Lúcia! Que belo poema de Florbela Espanca; realmente impossível ler uma só vez, e a cada leitura ele adquire novas conotações, alcançando os picos mais lindos. Abraços!

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    Respostas
    1. Bom dia, Edivana.
      Antes de mais nada queira agradecer sua presença, aqui.
      Realmente o poema é belissimo e como disse a cada releitura sentimos de forma diferente.
      Obrigada amiga.
      Bjs
      Lúcia

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